quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Noite Fria

Noite fria, exuberantemente fria, Daquelas noites que sugerem sofá e cobertor, chá quente, café ou chocolate. Frio que invade frestas e que penetra a alma. Essas noites que dão o sentido da solidão e que demitem as ruas. Noite capaz de fazer da televisão a única expressão de companhia, a condução viabilizadora do outro dia.
Há algum tempo Irina lia o livro, Os Patriotas de Max Gallo e, sentindo-se sem lugar, pois só e angustiada, inevitavelmente mobilizada pelo personagem Bertrand Renaud de Thorenc, decide que iria assistir ao programa eleitoral e exclamou para si mesma: 'às vezes é diante da mediocridade que se compreende a vida. É a partir de nossas compreensões que não se desiste, que se dá o impulso para a perseverança e para a esperança.'
A cada candidato ( que vem do latim, via cândido, branco, puro ), que clamava a adesão dos eleitores às suas promessas, Irina se irritava e compreendia a ironia que pautava aquelas expressões caricaturais que invadiam seu sossego triste. Levantando-se da poltrona, mas não sem antes dirigir o controle remoto para matar todos os usurpadores de consciências, constatou que onde poderia ver gente com pés fincados na realidade era no supermercado Ênfase, pois ainda era cedo.
Irina penteia os cabelos, passa o baton costumeiro, veste uma roupa adequada para suportar o frio e pensa que não sabia o que iria comprar.
Entra no Ênfase reflexiva. Caminha por entre as gôndolas, cumprimenta cada colaborador com um 'boa noite' intimista, tira dos seus lugares um produto ou outro, contempla-os, observa a validade e resolve buscar um, carrinho. Exclama, para um e para outro profissional dos vários setores, 'que noite fria, estar com vocês me faz muito bem, pois não agüento mais aqueles políticos me dizendo o que não vão fazer mentindo.' Foi colocado os produtos no carrinho absorta e sugerindo para si mesma não compromisso, olhava para o interior do carrinho disfarçando, pois olhava mesmo para seu interior que desenvolvia um texto imaginário sobre Mateus, gerente do supermercado. Enquanto Mateus finalizava o diálogo de noite com seus repositores, Irina mentalmente descrevia para si o que fazia dele o gerente de excelência que era: 'educado e sensível às questões do estar-no-mundo de sua equipe e de seus clientes, organizados, transparentes e leal ao supermercadista, seu patrão. Preocupado com as dificuldades dos clientes, mas não passional. Exigente com a limpeza da loja. Estava sempre disposto a resolver os problemas que se lhe apresentavam. '
A boa Liderança é aquela que marca a todos, equipe e clientes, pela transparência e disposição para a verdade e, sobretudo, uma gestão equilibrada.
                                                                                                                                                                            Alberto Pantoja

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