As manhãs eram claras. O cheiro do
café insinuava a beleza da vida.
Lembro-me
da sensação de que todos dormiam e acordavam felizes e com a certeza de que a
vida era para sempre. Pois que tudo acontecia de modo simples e prazeroso.
As
pessoas conversavam muito; olhavam umas para as outras. Olhares, sem dúvida,
que veiculavam sentimentos e sugeriam
parceria.
Todos
esperavam o anoitecer para compartilhar o cotidiano. Esse, geralmente, rico de
detalhes e revelador de destino a favor.
Tenho
a lembrança incerta de que se trata de 1960. As crianças brincavam soltas e
criativas; umas eram Tarzan, outras Gary Cooper. Sonhávamos sempre com o outro
dia e antes do sono profundo e descompromissado, era quase certa a especulação
sobre as surpresas do novo dia que estaria por acontecer.
Lembro-me
de meu pai sereno, sentado no jardim, ouvindo Maysa, Anísio Silva, Orlando Dias
e Dolores Duran. As músicas me faziam questão e me jogavam para um estado de
nostalgia que me acompanha até aqui e penso, jamais, irá me deixar.
Morávamos
num bangalô branco com janelas verdes. Tinha um pátio que tomava toda à frente
da casa e seu piso era de uma cerâmica vermelha. Os espaços do interior do
bangalô eram amplos, o que permitia que tivéssemos sempre uma sensação de total
liberdade. Havia uma escada de madeira que fazia a passagem do térreo para os cômodos
do andar superior.
Lembro-me
que à noite, ficávamos, eu e meus irmãos, esperando o momento dos fantasmas
subindo e descendo os degraus; os fantasmas homens faziam barulhos graves e os
fantasmas mulheres precipitavam barulhos agudos com seus sapatos altos.
Tremíamos e colocávamos a cabeça sob os travesseiros. Narrávamos uns para os
outros os detalhes de cada fantasma. Se homem, gordo ou velho; se uma mulher,
bonita ou feia. Porém, o medo era impressionante e mais mobilizador de
histrionismo quando pensávamos ser o fantasma criança.
Tudo
era alegria, pois, achava que todas as pessoas eram felizes; sem exceção
crianças e adultos, até meus cachorros: o Rex e a Laika.
Entretanto,
da noite para o dia, tudo de um mundo suposto alegria, risos e brincadeiras,
fora bater em outra porta, a da angústia. Não compreendia muitas coisas que
pareciam de simples compreensão para a maioria das pessoas. Ficava muito
ressaltado em minha alma o envelhecimento triste de alguns, o semblante de
tristeza de uns jovens e as fachadas das casas denunciadoras de
Lares
sem amor e de sofrimento. Eventos que estavam muito perto. Olhava para as
pessoas tentando perscrutar suas almas; o que estariam pensando; o que estariam
sentindo; se tristes ou alegres.
Eu
era o menino estranho, calado, porém muito observador. Tinha a sensação de
que
nos ambientes chamava a atenção de todos, fosse ambiente familiar e, ou,
ambiente outro.
Quando
os enigmas da existência passaram a me fazer questão, o Inferno relatado nas
igrejas passara a existir dentro de mim. Pois, a angústia e a tristeza começaram
a fazer parte do meu cotidiano. Não conseguia dormir, a dor no peito era penosa e dilacerante. Fazia de tudo para que
alguém, meus pais, ou até amigos, pudessem compreender o que eu vivia.
Penso
até que os pais não têm vocação nenhuma para compreenderem a dor da alma dos
filhos. São perfeitamente vocacionados e se tornam especialistas em sorrisos e
alegrias. Pois gostam e sempre visualizam a expressão de felicidade daqueles
que vem ao mundo para fazer o papel de precipitadores de alegria e de solucionadores
de ideal. Os pais viram o rosto e o olhar fica de soslaio para a angustia e a dor
da alma daqueles que ainda não sabem se defender.
Duas
casas à direita de minha casa morava a família Quaresma. Penso que era o pai, a
mãe e cinco filhos. Era uma família abastada. A casa era muito luxuosa. O pai
um comerciante realizado. Comercializava gêneros alimentícios e, parece, também
tinha torrefação de café. Era um homem conversador e sugeria estar sempre
alegre. Cumprimentava todo mundo, porém dentro de sua casa, carregava uma
fisionomia carrancuda. Diziam que não gostava dos filhos, porém, que para o
resto do mundo significava uma pessoa sensível e disponível. Gostava de falar
de caridade e se achava o homem íntimo de Deus e dos santos. Seus filhos eram
calados e eu tinha a impressão de que viviam tristes e sem rumo. Quatro deles
eram já mais velhos circundando a faixa dos 25 e 20 anos. A mais jovem tinha 18
anos e era chamada de Manuela.
Sempre
que passava Manuela me cumprimentava e eu a tomava sempre como uma moça frágil
e seu olhar induzia uma dúvida sobre o destino. Ao contrário a mãe estava
constantemente- tinha-se a impressão- olhando para o mundo e as pessoas com
total indiferença. Saía todos os dias para os salões de beleza, suas
indumentárias eram ricas de detalhes e de cores. Andava sempre com muitas jóias
e penteada. Era realmente uma mãe diferente, pois nunca se observava manifestações
afetivas para com os filhos, como havia de outras mães. Sua existência era a alarmante impunidade diante das tragédias do mundo.
Num
domingo de manhã chuvosa, surpreendo-me com a senhora Maysa Quaresma sendo
atendida por minha mãe que por seu lado depois do encontro dera alguns
telefonemas. Fiquei imediatamente atento e curioso para o fato. Não demorou em que
eu compreendesse que algo de muito grave estaria acontecendo com Manuela. Ou, Melhor,
há muito tempo Manuela clamava por ajuda. Pois ela entristecida, recuada do mundo,
existência voyerista da insensibilidade e da indiferença dos pais.
Penso
que o espelho pelo qual o pai se vê deverá repercutir cuidados e projetos
quanto ao destino do filho. E a mãe que se apega a um cotidiano pautado pelo supérfluo
impede a filha de consistência vivencial e de referência do que é ser mulher.
Assim
Manuela infeliz reduzida a um mundo que era seu quarto clamando refúgios no
peito do outro. Performances inadequadas em tudo que significava
sua
vida. Angustiada e deprimida, além de que insone, sofria sem amparo, vivendo
uma dor sem explicação, padecia na solidão de seu ser. A dor era intensa e
emergia de cada poro sem aviso, dor única; dor proveniente de fonte velada na
infância da mesa farta, porém sem olhar que favorece a construção da alma.
Um
dia após a constatação de que algo ocorria com Manuela, ficara sabendo que a
moça triste do bairro iria se submeter a tratamento. Vi quando a ambulância
chegara à casa dos Quaresma e fiquei de prontidão. Espantei-me com o quadro com
o qual me deparei, ou seja: Manuela descabelada e magra urrava como um animal e
se debatia nas mãos daqueles homens que não carregavam uma pessoa, mas, sim,
parecia uma boneca de pano profundamente gasta pelo tempo. Colocaram-na para
dentro da ambulância. No entanto, minha amiga, promovida pelo meu imaginário
infantil, cruzara o olhar rapidamente com o meu, como que, talvez, se
despedindo, para que eu nunca mais deixasse de nela pensar. Nunca mais pude ver
Manuela.
Empurrava
os dias não sabia para onde. Pesaroso e silenciado, ouvia os gritos de Manuela.
Sua máscara de horror repercutia em meu ser denunciando o espectro
sobre-humano. Em meu silêncio de incompreensão traduzia tudo aquilo num idioma
inconcebível e não existente. Os comentários no meu entorno me irritavam. Haveria de existir uma saída para minha
perplexidade e o terror,
imaginava,
pelo qual passava Manuela. Procurava Manuela em todas as gretas da existência
humana. Olhava para o sol e esperava a
lua. Contava os dias obsessivamente. Andava para todos os lados. Às vezes,
sentia-me adulto, maduro. Às vezes, sentia-me um bebê que se depara com a
complexidade de tudo. Imaginava-a risonha e solucionando tudo apenas como uma brincadeira. Pensava-a ironizando a fartura
na qual vivera imersa.
Eu
a desenhava inteira, bonita, e, sem constrangimento, concebia-a com roupas
diferentes das que trajava normalmente. Fazia-a tomar posse de todas as jóias
de sua mãe. E, muitas vezes, até desenhava-a contando todo o dinheiro de seu
pai. Porém, sabia que eram apenas simulações autorizadas pelos desenhos. Aquilo
tudo não confortaria Manuela e não a traria de volta. A realidade era única,
Manuela estava longe desse mundo. Estaria falando outra língua. Sem dúvida, sua
mente, estaria exercitando novos raciocínios e criando novos seres, que não os comuns.
Enfim, seu olhar configurava novas luzes, jamais vistas. Portanto, anjos
verdadeiros
faziam parte de sua interpessoalidade. Não mais os anjos forjados, dessa maneira,
invejosos, ciumentos e desleais.
A
busca interminável, a lágrima por vir. E nada mais será como antes. As noites
não me darão mais sonhos- esse é o sentimento. Os sonhos se deslocam dos seus
instantes nas noites e passam a abrir meus olhos apropriados de um único olhar-
olhar
de outrora, do ontem que se faz hoje. Somente isso, mais nada.
Pascal,
parece solucionar assim, não de outro modo, “Toda a infelicidade do homem
deriva de uma única coisa: ele é incapaz de ficar tranqüilamente em
seu
“quarto”.
Minhas
noites eram intermináveis. Enfiava-me embaixo dos lençóis com os olhos abertos
tentando planejar alívio. Limpava minhas lágrimas com o mesmo lençol que me
separava do mundo. Minha dor amalgamava-se com a dor daquela
que
estava longe e perto. A distância comprimia e me dissolvia. Ninguém sabia
ninguém queria saber o que eu vivia, muito menos o que sofria. Recordava o
rosto de Manuela, ouvia sua voz. Inventava diálogos e gestos. Tudo
inconsistente, tudo volátil. Sobrava mesmo o barulho das folhas das árvores
delirando e alucinando a primavera de um novo
tempo.
Comentários:
“Manuela está muito mal”; “Ela está
fazendo tratamento com choque na cabeça”;
“Coitada, está parecendo bicho”; “Não fala coisa com
coisa”;
“É muito sofrimento e ainda se mija e se defeca toda”;” Os médicos estão
totalmente
sem “esperança quanto à sua recuperação”.
Recordar
nada mais é do que “trazer de volta ao coração”. Recordo-me que em meio a essa
turbulência desalmada, comecei a pensar que passava a compreender a vida e que
para fazê-la melhor e mais longeva teria que dar transparência e sentido de
isenção a tudo. Porém tarefa árdua e somente aqueles que caminham na direção da
sabedoria, são capazes do exercício dos fatores precedentes. Todavia, refletia que para o homem, a
aprendizagem com o desconhecido e a afetação com o que é humano, deveria ser a
principal pauta para o destino. Assim o homem não estaria garantido para nenhum futuro. Sofrimento,
dúvida e angústia, seriam necessariamente ingredientes certos da existência.
Sendo a alegria e a felicidade circunstâncias exíguas que escapam da
complexidade para o simples da existência humana. Porém poucos são aqueles que
suportam conduzir a vida no trilho da simplicidade.
Solicitei
de mim mesmo, desde cedo, um olhar atento e delicado para tudo o que é humano. Exigi
desde antes e para sempre sensibilidade e compreensão para o que possa
significar acidentes de percurso na vida dos semelhantes. Claro sem a estratégia
das concessões, mas sim com atitudes orientadas pelo desejo de ver a vida do outro
pulsando indo em busca do que realmente faz a vida ter sentido, ou seja, vida
de verdade. Mesmo que perto ou distante. Gostava de observar os detalhes das
fisionomias das pessoas fosse em casa ou em qualquer outro ambiente. Raramente
ia à região de comércio de minha cidade por opção. Pois minha mãe gostava de
vestir os filhos para que pudessem acompanhá-la nas compras. Era inevitável,
que, vez ou outra, eu tivesse que ir. Claro que sempre era uma jornada absurda.
Porém aproveitava para olhar as pessoas. Assim, os gestos, como andavam a
arquitetura humana que cada um representava, se velho ou jovem, e mais, como
teria sido a história daquele ser. Às vezes, de segundo a segundo, pensava que no
instante do encontro de olhares jamais viria a encontrar-me com aquela pessoa.
Outros momentos eram insistentes meu diálogo com a morte:
_
Quando você vai levar aquela velha ou aquela criança?
Respondia-me:
_ “Não levo ninguém, pois apenas acompanho a vida de todos, com discernimento e nenhuma emoção. Não sou
passional, apenas sou vigilante e matreira. Aproximo-me sempre daqueles que
estão vivendo o insuportável da existência. Não funciono no registro do tempo e
sim no registro dos rostos. A angústia e o pesadelo são os meus faróis.”
Sempre
que se iniciava a interlocução mórbida o cenário mudava. O que consistia em pessoas
andando nas ruas, umas com pressa, outras absortas, olhando vitrines com o
desejo magnificado querendo levar tudo para suas casas, veementemente pautadas
por manhãs e tardes ensolaradas. O cenário transformava-se em mais ninguém e
nenhuma vitrine e a claridade desaparecia e uma névoa escura cercava-me de
pavor e de certa excitação que somente as crianças são capazes de
experienciá-la.
Lembro-me
que minha mãe perguntava-me da performance de silêncio a que me submetia. Mas
mesmo num estado de horror, insistia.
_
Onde você mora? Você mora longe daqui?
_ “Moro em vários lugares ao mesmo tempo. Moro
nos hospitais e também nas creches.
Passeio
na verdade em todos os lugares e busco persistentemente compreender o mundo. E se você me perguntar, do que gosto.
Responderei que sou fascinada pela fragilidade escondida na arrogância. Não
escolho ninguém, sou escolhida. Minhas ações são a espreita. Não faço discurso
e não tenho aviso. O silêncio “é a única coisa que me movimenta.”.
Eram
diálogos rápidos. Tenho a impressão de que duravam apenas alguns segundos.
Procurava encerrá-los, sendo que começava a tremer meu interior. Ficava apavorado, porém algum sentimento bom fazia
com que voltasse a repeti-lo. Todavia, não contava para ninguém, era uma
espécie de pacto impenetrável.
Minha
curiosidade pela vida era insistente e prevalecente quanto a tudo que
significava tormento. A vida estava sempre no circuito da perseverança e da plausibilidade
da esperança. Impedia-me com força da desistência. Meu mundo era para mim mesmo
compreensível e pouco dava respostas às intervenções do entorno e das pessoas. Solucionava tudo no ambiente
de minha própria solidão. Sentia-me guardião de minha singular condição humana.
Os impasses convocavam-me para as soluções por mais que o sofrimento fosse
impiedoso. No entanto percebia que minha vocação maior na vida e para a vida
era ser cronista do dilema humano, pois tudo me fazia questão.
Assim,
penso, fui aprendendo a lidar com os eventos humanos. Fosse alegria, tristeza,
morte, doença. Os choros e os risos para
mim eram a metáfora da vida. Todo laço familiar significava muito. Buscava
compreender as sintonias e as rupturas. Ressaltava sempre o significado dos papéis: o sentido de mãe, de pai, de irmão e
de todas as proximidades circunstanciais das pessoas. Porém, sem dúvida, o
quadro que mais me chamava a atenção era o de uma mãe chorando.
Lembro-me
que em 1960 mudara para perto de minha casa a família Madruga. Era composta de
pai, mãe e quatro filhos. Assim como algumas famílias brasileiras, os Madruga
viviam um cotidiano sem motivo para a alegria, pois um dos filhos, Ricardo, aos
dois anos de idade contraíra a paralisia infantil e ficara com as seqüelas advindas
desse mal. Ricardo contava já com 12 anos quando o conheci. Moreno, rosto fino com
expressão triste sugeria sempre perplexidade. Seus cabelos delineados em
caracóis vivos ficavam sempre desalinhados. Sua voz grave era sintônica com os movimentos
de braços e cabeça. Tinha um porte avantajado que contrastava com suas limitações
físicas.
Fundei
rapidamente uma amizade consistente com Ricardo. Parceria que se desenvolvia a
cada encontro. Incondicionalmente compreendíamos as demandas emergentes. Fosse
tristeza, angústia, alegria, esperança, ou, até mesmo, os medos quanto ao
amanhã. Sobremaneira impressionava-me ouvir Ricardo falar sobre o que era sua vida.
Sua sensibilidade causava-me arrepios comoventes. Seus motivos existenciais patrocinavam
em mim esperança. O tour que meu amigo perfazia pelos consultórios médicos era desgastante
em demasia. Lembro que Ricardo
submetia-se a cirurgias com uma freqüência que impressionava. Não sei dizer
quantas. Mas era assim; uma no pé, depois no joelho e depois na perna esquerda
e desse modo, sucessivamente, sessões de fisioterapia. Seu aliado incansável
nessa luta pela vida era seu pai. Até hoje tenho como referencial imperativo
para meus momentos de incertezas existenciais aquela imagem do Sr. Ricardo
carregando o filho de casa para os médicos e dos médicos para casa. Marcou-me
muito também o olhar de esperança do pai para o filho. Cada palavra, cada
gesto, cada abraço, do pai de Ricardo, me faziam pensar que a vida de meu
amigo, estaria garantida.
Por
volta dos 14 anos Ricardo já conseguia dar os seus primeiros passos com
consistência. Nossos encontros eram constantes e lembro que seus pais resolveram
transferir Ricardo para o mesmo colégio que eu estudava e recordo-me que fiquei
muito alegre, pois até comentava com meus pais e os outros amigos, falava para esses
que Ricardo era muito legal e que seria ótimo que estivesse estudando junto com
a turma. Pelo lado de Ricardo eu percebia que o mesmo estava a cada dia que
passava antes do inicio das aulas com a expressão de quem estava muito feliz e
em todo momento de nossos encontros fazíamos planos para o nosso cotidiano no
Colégio Suíço Brasileiro. Numa manhã de Domingo, Ricardo solicitara minha
presença em sua casa. Imediatamente andei em sua direção. Deparei-me com uma
situação que em milésimos de um tempo lógico interpretei que algo de grave
ocorria com meu amigo.
Encontrei-o
lívido e com a expressão de grande dor e ainda, seu corpo, parecia um pêndulo agitado
que denunciava a agonia interior de alguém que sofria no âmago da atemporalidade.
Em minha chegada, sem dar qualquer palavra, entregou-me um iogurte de morango.
Disse-lhe que gostava muito de morangos. Ricardo dera um olhar para distante e disse-me:
“_ Sim, é muito bom. Eu também gosto!”
Parecia-me
estar vivendo um impasse. Provocado pelo balançar do corpo sem equilíbrio e o
silêncio interrogativo de Ricardo.
XXX